Como a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas pode ajudar o agricultor e toda a sociedade?

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“Matéria técnica desenvolvida pela Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região de Dracena através do profissional e inspetor Engenheiro Agrônomo Evandro Pereira Prado”

A mecanização do campo, a utilização de cultivares adaptadas aos diversos climas, além do tratamento fitossanitário eficiente, são alguns dos principais fatores associados aos recordes anuais vivenciados pela agricultura brasileira nas últimas décadas. O Pais ocupa posição relevante na segurança alimentar do nosso planeta e com potencial de aumentar ainda mais os produtos oriundos do campo como grãos, fibras, frutas, combustível, dentre outros.

Por ser um pais tropical, o mesmo clima favorável para o desenvolvimentos das plantas cultivadas estão para as pragas (insetos, fungos, plantas daninhas, etc.) as quais, se não controlada de forma efetiva, podem competir com o produtor em quantidade e qualidade. Dentre os diversos métodos de controle preconizados no Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas, o controle químico, pelo uso de defensivos agrícolas, é um dos mais utilizados e merece especial atenção por ter potencial nocivo, caso utilizado de forma inapropriada.

Quando necessária a utilização dos defensivos na lavoura, o emprego da melhor tecnologia de aplicação deve ser implementada para proporcionar eficiente controle fitossanitário. Entende-se por tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas o emprego de vários conhecimentos que visa à correta deposição do produto no alvo desejado (folhas, insetos, plantas), com a mínima contaminação possível de outras áreas e de forma econômica. Nota-se que a aplicação desses produtos é uma tarefa muito mais complexa do que parece ser sendo indiscutivelmente necessário a supervisão do profissional responsável.

Os três pilares que define tecnologia de aplicação (correta deposição do defensivo no alvo, mínima contaminação e economicamente viável) devem ser muito bem considerados para proporcionar e garantir sustentabilidade do controle químico o qual, nas últimas décadas, vem sendo colocado em xeque pela sociedade. Esses pilares devem estar muito bem equilibrados para o sucesso do tratamento sendo o desbalanço de um deles, por menor que seja, pode causar sérios prejuízos em todo sistema.

Nos últimos anos, verifica-se uma forte tendência na redução do volume de aplicação de defensivos em diversas culturas, especialmente as que ocupam grandes áreas. Essa redução pode proporcionar enormes benefícios aos agricultores como: aumento da quantidade de área tratada por máquina, redução da quantidade de reabastecimento, redução no consumo de combustível, economia na quantidade de veículo (água/óleo) e possibilidade de redução na frota de máquinas de pulverização. Fica evidente que a redução do volume pode trazer uma série de vantagens, porém muita atenção deve ser dada para que essa diminuição não comprometa a quantidade e a qualidade do defensivo a ser depositado sobre o alvo.

Para uma determinada pulverização manter a mesma cobertura aplicando um menor volume de calda é necessário, por exemplo, reduzir o tamanho das gotas e é nesse ponto onde o segundo pilar (contaminação de outras áreas) pode ser altamente comprometido. É sabido que quanto menor forem às gotas geradas no processo de pulverização, maiores são as chances de perdas por deriva (carreamento e deposição para outras áreas) e essa condição é ainda mais potencializada quando as condições meteorológicas no momento da pulverização são desfavoráveis, destacando os baixos valores de umidade relativa do ar, temperaturas elevadas, ventos fortes ou ausência de vento.

 Quando parte da pulverização não atinge o alvo desejado podem ocorrer falhas de controle e possivelmente redução da produção pela competição imposta pelos organismos pragas. As gotículas contendo o defensivo que não atinge o alvo desejado pode depositar em outras áreas como vegetação nativa, nascentes, povoados, outros cultivos, etc. Dessa forma, a pulverização com gotas finas devem ser evitadas por serem facilmente arrastadas pelo vento.

A agricultura praticada em nosso país, especialmente em grandes latifúndios, por uma série de fatores relacionados ao clima tropical, ainda é dependente da utilização de defensivos e que sem eles a produção cairia drasticamente, gerando uma série de transtornos econômicos, afetando diretamente a vida das pessoas envolvidas ou não no setor agrícola.

Notícias pontuando a contaminação com defensivos em áreas não alvos são comuns na mídia desvalorizando ou denegrindo o agronegócio brasileiro.  Dessa forma, a tecnologia de aplicação pode e tem como premissa se não eliminar por completo esses problemas, reduzir ao máximo possível os malefícios proporcionados pela aplicação de má qualidade. Treinamentos envolvendo o melhor entendimento da ecologia da praga, defensivo agrícola, mistura de produtos, equipamento de aplicação, momento ideal para a intervenção e as condições meteorológicas no momento da pulverização são parâmetros que devem ser muito bem compreendidos pelos profissionais responsáveis (Engenheiros agrônomos) pela manipulação e aplicação correta e segura dos defensivos.

Prof. Dr. Evandro Pereira Prado

Engenheiro Agrônomo – Doutor em Agronomia “Proteção de Plantas”

CREA-SP 5062411948

Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, Campus de Dracena

E-mail: evandro.prado@unesp.br