Religião, Política e o Culto a Deus: Não confunda

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RELIGIÃO, POLÍTICA E O CULTO A DEUS: NÃO CONFUNDA

Em um tempo em que religião e política frequentemente se entrelaçam nos debates públicos, muitas vezes são tratados de forma confusa, é crucial refletir sobre suas definições e o impacto de cada uma, especialmente em relação ao culto a Deus. Embora a religião e a política desempenhem papéis importantes na formação de uma sociedade justa, é essencial reconhecer que o culto a Deus ocupa uma esfera completamente distinta, reservada exclusivamente para a adoração ao Criador.

Religião, Política e Culto: Diferenças Essenciais

A religião representa a conexão profunda entre o ser humano e o divino. Ela abrange crenças e práticas que orientam a vida espiritual e moral, moldando o comportamento através da fé e da busca por um propósito superior. A religião é o meio pelo qual nos ligamos a Deus e construímos uma ética fundamentada nesse relacionamento sagrado.

A política lida com a administração da vida em sociedade. É o campo onde se discutem e se estabelecem normas e leis para promover a justiça e o bem-estar coletivo. Embora a política possa se beneficiar dos princípios religiosos — como a justiça, o amor ao próximo e a proteção dos desfavorecidos —, ela deve operar de maneira independente da religião para evitar a instrumentalização da fé para fins de controle político.

E o culto? Culto é culto! O culto é teocêntrico, ele é feito para agradar a Deus e não para agradar aos homens, ele é o coração da experiência religiosa, o momento em que a igreja se reúne para adorar a Deus, ouvir Sua Palavra e render-lhe ações de graças. É um espaço sagrado, onde o foco deve ser exclusivamente a glória de Deus. Diferente da religião, que pode se expressar de várias formas no dia a dia, o culto é o ato central de consagração e adoração, um tempo reservado ao divino. Misturar política com o culto é uma violação do propósito divino no momento, compromete a santidade do culto e desvia o verdadeiro propósito da adoração.

Convido você a refletir sobre a função da fé no espaço público, mantendo uma clara separação entre as instituições religiosas e políticas. A influência da religião na política não deve ser negada, mas é fundamental reconhecer os limites e as possibilidades dessa interação. Por exemplo, os ensinamentos de Jesus Cristo oferecem princípios éticos que podem inspirar ações políticas — como o amor ao próximo, a justiça e o cuidado com os pobres e marginalizados. Contudo, a teologia também alerta para os perigos do “messianismo político”, onde líderes políticos são tratados como salvadores absolutos, ou da “sacralização do poder”, onde a política é divinizada a ponto de se tornar imune à crítica.

Religião e política podem contribuir para a promoção de uma sociedade mais justa e ética, mas é fundamental entender que o culto a Deus é algo sagrado e exclusivo. Este é o momento em que o coração do adorador se volta totalmente para o Criador, onde se experimenta a graça e a presença divina. No culto, as preocupações terrenas se desvanecem diante da majestade de Deus, e o Espírito Santo renova nossa fé e esperança.

No mundo conturbado em que vivemos, o culto nos lembra que Deus continua soberano, acima de todas as disputas políticas e divisões humanas. Ele é a fonte de nossa esperança e o autor da nossa fé. Quando nos reunimos para adorá-lo, somos revigorados pela certeza de que, independentemente das circunstâncias ao nosso redor, “Deus é o nosso refúgio e a nossa força, sempre pronto a nos socorrer em tempos de aflição” (Salmo 46:1).

É nesse encontro com Deus que encontramos forças para viver e agir segundo os Seus princípios, tanto na esfera pessoal quanto na pública. O culto é tempo de adoração, tempo de ser restaurado e fortalecido pelo poder daquele que governa sobre todos os reinos, tanto terrenos quanto celestiais.

Rafael Assiz @rafaelassiz

Escritor | Mestrando em Ciências da Religião (UMESP)

Pós-graduado em Teologia, Estudos Bíblicos no Novo

Testamento, Aconselhamento e Psicologia Pastoral.