O Voto

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O VOTO

Infelizmente o voto não tem sido tratado com os cuidados que deveria ter. Se a pessoa tiver 16 anos pode requerer o título de eleitor e terá direito a decidir o destino da nação, mesmo que não conheça absolutamente nada do que esteja fazendo.
É muito comum pessoas que dizem que odeiam política , não quererem ouvir nada sobre a vida de políticos, seus atos, suas ações, nem mesmo seus nomes, explicações sobre partidos e suas tendências e quando chega o dia das eleições estão lá, de título na mão para escolher um político que irá cuidar, governar, decidir sobre os destinos de uma cidade, estado ou país.
O voto é um direito do cidadão, diz a lei. Porém, a todo direito corresponde uma obrigação, um dever. Para dirigir um carro a pessoa deve ter aulas de como dirigir, dos perigos da estrada, da sinalização que o conduzirá ou não em segurança. Para votar não há instrução nenhuma de como proceder para conhecer os perigos que um mau governo pode trazer à comunidade e o eleitor poderá fazer o crime de votar em pessoas completamente sem noção da responsabilidade que lhe estão pondo nos ombros.
Democracia significa “governo do povo”, porém nada impede que esse povo que escolherá o governo tenha noção do que está fazendo. Há cursos para tanta coisa, por que não haver curso para orientar o eleitor? Por que não instruir o eleitor sobre as qualidades intrínsecas que um bom candidato deve possuir? Afinal, há muita gente correndo atrás de um cargo político apenas pelas vantagens financeiras que oferece e, para isso, lançam mão de métodos, no mínimo, duvidosos.
Quantos candidatos não conquistam votos nos balcões de bar pagando rodadas de bebida aos seus futuros eleitores ou dando cestas básicas, dentaduras, pé de sapato ( para pegar o outro pé depois da eleição e se ele ganhar)? Ainda tão comum e atual é a promessa de emprego ou de outra facilidade qualquer.
Uma porcentagem imensa de eleitores vota em quem ele acha que lhe dará algum lucro. Não tem a mínima noção do prejuízo que pode advir para ele e para os demais por um voto mal dado. Não há uma única fonte de informação que alcance os eleitores desinformados e que exija deles o conhecimento mínimo sobre os candidatos. Se nas eleições municipais já ocorre essa alienação, imagine nas eleições nacionais quando se vai escolher pessoas de quem, muitas vezes, nunca nem se ouviu falar!
Para que numa eleição o voto seja realmente sério e consciente, deveria haver um curso obrigatório em que os eleitores ouvissem sobre suas responsabilidades perante o voto e as consequências de um voto mal dado. Aqueles  que dizem abertamente odiar política, simplesmente ficariam dispensados do voto. O voto que não é dado é milhões de vezes menos prejudicial ao país do que aquele que é dado por eleitores que não têm noção do que estão fazendo. Já que no Brasil se gosta tanto de imitar as leis de outros países, por que não se imitar países onde o voto não seja obrigatório?
Não há nada bom que não possa ser melhorado e a democracia com sua maneira de escolha de mandatários, é uma delas.

Thereza Pitta
até segunda-feira.