Representantes do MEC se reúnem com investigadores após operação revelar compra de vagas em medicina

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Reunião solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF) começou por volta das 14h e foi realizada na sede da Procuradoria da República de Jales (SP). Doze pessoas permanecem presas.

Representantes do Ministério da Educação (MEC) se reuniram nesta terça-feira (24) com os responsáveis pela investigação da operação Vagotomia, que revelou um esquema de supostas fraudes envolvendo liberação de financiamentos de programas do Governo Federal para estudantes ingressarem na Universidade Brasil.

A reunião foi solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF) e começou por volta das 14h na sede da Procuradoria da República de Jales (SP). O delegado da Polícia Federal, Cristiano Pádua, esteve presente.

De acordo com informações obtidas pela TV TEM, o encontro foi para tratar da situação da Universidade Brasil e encontrar possíveis medidas para reverter os prejuízos causados aos cofres públicos.

Além disso, foi solicitado que o Ministério da Educação encontre formas para que os alunos beneficiados pela fraude devolvam o dinheiro do Financiamento Estudantil (Fies) e Programa Universidade para Todos (Prouni) liberado supostamente de forma ilegal.

A imprensa não pôde acompanhar a reunião. Os representantes não quiseram gravar entrevista, mas disseram à equipe da TV TEM que foram até Jales para se colocar à disposição de todos os órgãos responsáveis pela operação Vagatomia.

Operação

PF deflagra operação contra desvio de verba do Fies em Fernandópolis — Foto: Polícia Federal/Divulgação

A operação intitulada como Vagatomia foi deflagrada no dia 3 de agosto depois das investigações apontarem que estariam ocorrendo irregularidades no campus de um curso de medicina em Fernandópolis.

De acordo com a PF, o esquema contava com “assessorias educacionais”, que vendiam vagas no curso de medicina, financiamentos Fies e Prouni, além de fraudes em cursos relacionados ao Exame Revalida.

Essas assessorias tinham o apoio dos donos e toda a estrutura administrativa da universidade para negociar centenas de vagas para alunos, que aceitaram pagar pelas fraudes em troca de matrícula no curso de medicina.

Ao todo, 250 policiais federais foram às ruas para cumprir 77 mandados nas cidades de Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto (SP), Santos (SP), Presidente Prudente (SP), São Bernardo do Campo (SP), Porto Feliz (SP), Meridiano (SP), Murutinga do Sul (SP), São João das Duas Pontes (SP) e Água Boa (MT).

Ao todo, 12 pessoas ainda continuam presas. Entre elas, uma médica e o empresário e reitor da universidade, o engenheiro José Fernando Pinto Costa, de 63 anos.

Outros dez suspeitos foram libertados no dia 13 de agosto depois da Justiça determinou a soltura. O filho do reitor, Stephano Bruno, foi um dos beneficiados.

Dono de universidade e filho foram presos durante operação da PF — Foto: Reprodução/TV TEM

Mesmo em liberdade, os suspeitos continuam sob investigação e terão que cumprir uma série de medidas cautelares determinadas pela Justiça Federal.

Stephano Bruno e José Fernando Pinto Costa são apontados pela polícia como chefes da organização. O grupo pode ter usado R$ 500 milhões do fundo de forma fraudulenta e as vagas eram compradas pelos estudantes por até R$ 120 mil. Áudios revelam como funcionava o esquema.

Investigações da Polícia Federal apontam que os dois usavam o dinheiro desviado para comprar jatinhos, helicópteros, imóveis e até para fazer viagens internacionais, enquanto faltavam materiais básicos na Universidade Brasil como papel higiênico.

O que dizem os citados

A defesa do reitor e da Universidade Brasil negou qualquer esquema fraudulento e disse que até o momento não há nenhum elemento que aponte que ele sabia do que estava acontecendo.

Além disso, a defesa também alega que a universidade está à disposição para ajudar nas investigações e identificar os responsáveis.

O Ministério da Educação afirmou que tem colaborado com as investigações e está à disposição da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) também que instaurou um processo administrativo e a universidade foi suspensa cautelarmente para novos contratos do Fies e do Prouni.

Há cerca de uma hora, o MPF liberou a ata da reunião. Nela, o MEC educação reforçou o que se comprometeu a viabilizar a reparação dos danos pelos alunos irregularmente beneficiados pelo Fies para reparação dos danos ao erário e que, em dez dias, irá comunicar o resultado ao MPF.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2019/09/24/representantes-do-mec-se-reunem-com-investigadores-apos-operacao-revelar-compra-de-vagas-em-medicina.ghtml