Um preso matou a mulher na manhã de hoje na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), durante o horário de visita. Até às 16h30, o crime ainda não havia sido registrado na delegacia da cidade e a Polícia Civil não tinha informado os nomes do prisioneiro e da vítima. Agentes penitenciários disseram à reportagem que um preso do pavilhão 3 esganou a mulher, bateu a cabeça dela no concreto e jogou o corpo nu na ala inferior. O presídio tem câmeras de segurança. Mas, como as visitas ocorrem dentro da cela, os funcionários não viram a ação e nada puderam fazer.
Um servidor antigo no sistema prisional revelou que o pavilhão 3, assim como os demais na P-2 de Venceslau, abrigam condenados integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), todos apontados como de alta periculosidade.
A reportagem entrou em contato com um policial civil da delegacia de plantão de Venceslau. O agente confirmou o crime e ressaltou que ainda não poderia divulgar os nomes do assassino e da vítima. Ele adiantou, no entanto, que o criminoso vai ser autuado em flagrante por feminicídio.
A coluna também procurou a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária. Até a conclusão deste texto, a pasta não havia dado retorno. As informações serão atualizadas assim que houver uma resposta oficial das autoridades carcerárias e da Segurança Pública.
O autor do crime foi transferido provisoriamente para a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau. O presídio é uma unidade de castigo, destinada a presos que cometem faltas graves no sistema prisional. O preso deve ser removido posteriormente para o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, cidade vizinha a Presidente Venceslau, onde poderá ficar um ano em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
No RDD não há visita íntima. Presos e visitantes ficam separados no parlatório por uma tela de vidro. Os detentos não têm acesso à rádio, TV, jornais e revistas.
O banho de sol é de duas horas diários e as celas são individuais. Essa não é a primeira vez que um presidiário mata a mulher na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau em dia de visita.
Em 6 de janeiro de 2008, Miriam Suban foi enforcada com corda de nylon pelo companheiro Raul Gomes de Brito, conhecido como Raulzinho Louco.
O sentenciado já tinha um histórico de violência. Em 2005, três anos antes de matar a mulher, ele liderou uma sangrenta rebelião na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau.
Cinco presos foram decapitados. As cabeças foram fincadas em bambu e expostas no telhado da unidade prisional. A matança teve repercussão mundial. As fotos foram publicadas em jornais da Europa e Estados Unidos. Os rebelados eram integrantes do PCC, a maior facção criminosa do País.
Fonte: Josmar Jozino / Uol – Foto: Jardiel Carvalho/Folhapress