Polícia Civil conclui inquérito sobre cartas de facção criminosa com planos para matar promotor de Justiça e indicia três presos

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Investigação foi finalizada com o indiciamento de três homens que cumpriam pena na Penitenciária de Junqueirópolis, onde as correspondências foram encontradas.

Cartas foram apreendidas na Penitenciária de Junqueirópolis (SP) — Foto: Reprodução/TV Fronteira

A Polícia Civil concluiu nesta quinta-feira (3) o inquérito policial que investigou cartas da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) apreendidas na Penitenciária de Junqueirópolis (SP) e que possuíam ameaças de morte contra o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE), Lincoln Gakiya, o coordenador de presídios Roberto Medina e outros profissionais ligados à Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP).

Três homens, todos presos, foram indiciados pelos crimes de organização criminosa e ameaça.

O delegado responsável pela investigação, Eliandro Renato dos Santos, informou ao G1 que foram apreendidas em janeiro deste ano três cartas relacionadas à facção criminosa na Penitenciária de Junqueirópolis.

“Todas elas [cartas] continham ameaças, inclusive, com mapas e procedimentos a serem adotados para tirar a vida dos agentes públicos”, afirmou Santos ao G1.

Com a conclusão, o inquérito foi encaminhado para o Fórum da Comarca de Junqueirópolis para manifestação do Ministério Público e análise do Poder Judiciário sobre o caso.

Atualmente, dois dos indiciados encontram-se presos no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP), em Presidente Bernardes (SP), onde funciona o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Já o terceiro envolvido, está na Penitenciária 2 de Mirandópolis (SP), segundo a SAP.

Carta apreendida com integrantes de facção tem ameaças a promotor — Foto: Reprodução

Outras cartas

O promotor Lincoln Gakiya foi o autor do pedido que levou à transferência, em fevereiro deste ano, de 22 líderes da maior facção criminosa paulista, entre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, de unidades prisionais do Estado de São Paulo para presídios federais de segurança máxima.

A operação inédita foi realizada depois que o Ministério Público descobriu um plano da facção para resgatar os principais líderes que estavam presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).

Em dezembro do ano passado, a Polícia Militar também apreendeu cartas do PCC que revelavam um plano para matar o promotor que combate a facção no interior de São Paulo e o coordenador dos presídios da região oeste do Estado.

As cartas escritas de forma codificada foram interceptadas com duas mulheres de presos no dia 8 de dezembro em Presidente Venceslau.

Após tais ameaças, a segurança pessoal do promotor Lincoln Gakiya foi reforçada.

Em uma das cartas apreendidas em Junqueirópolis, os criminosos explicam como deve ser o planejamento para atacar o coordenador de presídios Roberto Medina e o diretor Luiz Bizzoto.

“Eu entendi tudo sobre o mapa, mas voces têm que montar por ordem: placam cor do carro, horários, rua, número da casa. É a mesma fita, monta o maoa e manda pros responsável [sic]”, diz trecho de um dos manuscritos.

Sobre o diretor Maurício Souza, a carta diz: “já tá tudo no pente, é só executar. Esse cara tá tirando, tá duvidando das nossas forças, pode pá matando ele. Os outros não vão pagar pra ver”.

Fonte: G1