Parabéns Dracena pelos 75 anos de Fundação

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A Fundação Da Cidade De Dracena

08 de dezembro de 1945. Fundação de
Dracena.

Dia 8 de dezembro de 1.945 Írio Spinardi chegou a Dracena com uma
caravana de convidados, trouxe seu Ford Coupê, o jipe de Guido Anelli com
visitantes, e alguns compradores de terrenos, para o lançamento da fundação da
cidade de Dracena.
Era tarde! O sol morria numa vastidão dourada salpicada de faixas cintilantes
de cor alaranjada, de uma beleza jamais vista. Dir-se-ia que até a natureza estava em
festa e colaborava para maior brilhantismo naquela tarde histórica. O delírio tomava
conta de Írio Spinardi diante de tanta comoção. Era um dia histórico. Nascia, àquela
hora, a cidade que iria perpetuar o seu nome e o da própria cidade, para esta e para as
gerações futuras…

Caravana de Taquaritinga e Itápolis estiveram
presentes na fundação da cidade de
Dracena.

Acabava de nascer mais uma cidade brasileira. Mais uma cidade na face da
terra.Começava a tornar-se realidade o seu novo e grande sonho: implantar uma
nova civilização no sertão despovoado da zona da mata, na futura nova alta paulista.
Agrupou o pessoal, trabalhadores e visitantes, ao todo umas 20 pessoas, no local
onde viria a ser construída a estação rodoviária e hoje é a praça Arthur Pagnozzi, para
fazer o seu discurso de comemoração da fundação da cidade de Dracena. Írio subiu
num toco, no meio da queimada. Quando tentou falar não conseguiu. Ficou de pé por
longo tempo. Um nó apertava-lhe a garganta. Lágrimas de emoção não o deixavam
falar. Tentou outra vez, mas não conseguiu…
Nesse momento, sentiu uma coisa muito estranha que tomou conta de si. Sua
vista se turvou, ficou em silêncio e imóvel em cima do toco. Tudo se tinha
transformado… sentia-se estar no meio de uma multidão. Os milhares de tocos da
derrubada pareciam gente. Mexendo-se…
Ao seu lado direito ele vislumbrava, bem perto, um arranha-céu azulado,
muito alto. Em volta uma fileira de prédios fechando uma praça formada de
edifícios de dois e três andares. Aonde ele estava, chegavam ônibus lotados,
adentrando uma grande rodoviária. Lá em frente, um belo hotel de dois pavimentos.
Atrás, ouvia o sino da igreja tocar, distante… Ao lado, o prédio de uma escola. Como
que por encanto, em frente aos seus olhos, via a cidade. A sua sonhada Dracena. Mas,
eis que de repente, não vendo mais sua cidade ilusória, olhou tudo em volta e se
deparou com a triste solidão, mais nada. Só o verdor da mata que de bem longe
acenava com seus braços fortes, açoitados pela brisa. Por si, o crepúsculo tomou
conta daquela tarde de esperanças e sonhos. saltou do toco sem falar nada. Guido
Anelli, percebendo seu estado de emoção, veio ao seu encontro e segurou-o,
apertando-o contra seu peito amigo. Antônio Rodrigues de Barros, quando percebeu
a profunda emoção de Írio, tomou a palavra e bradou aos oito ou dez presentes:
– Povo de Dracena! Na data de hoje, dia 8 de dezembro de 1.945, em nome de
Írio Spinardi, dou por fundada a cidade de Dracena! Viva Dracena! Viva o seus
fundadores,Virgilio Fioravante, Florêncio Fioravante, Írio Spinardi e João
Vendramim, Viva o Brasil.

08 de dezembro de 1945. Visitantes
estiveram presentes no dia da fundação de
Dracena.

E aos prantos, parou de falar. As poucas pessoas que assistiam a cerimônia,
estavam de cabeça baixa e também com lágrimas nos olhos diante daquela
manifestação simples mas tão significativa para a história.
Írio caiu na realidade e abriu os olhos. Viu, de fato, o seu isolamento dentro
daquela pequena clareira perdida na imensidão da mata naquela tarde, ao escurecer.
Contemplou em volta o paredão de mata virgem que os cercava, fim da picada…
nada mais. Só a estradinha que vinha até eles…Mais nada. Apenas a vastidão da
mata virgem, na sombra da tarde que morria, sobre a cidade que nascia.
Guido Anelli, abraçado a Írio, documentou a cena com sua máquina
fotográfica de caixão. Depois começou a tremer descontrolado e caiu de joelhos com
as mãos postas, como que pedindo graças a deus, e começou a rezar:
– Pai nosso que estais no céu… Seja feita a vossa vontade…
Não pode prosseguir e saiu soluçando. Todos abraçados em silêncio, sem
uma só palavra. E lentamente desceram para a casa de Antônio Rodrigues de Barros.
Estava fundada Dracena, seu marco de fé e de esperança!

Fonte: Viajando na História com Rogério Edson

Fotos Arquivo/Internautas