O CIRCO ACABOU…
“Lamento por todos que faziam aquele grande espetáculo e queria para mandar um abraço afetuoso aos meus velhos companheiros, com a certeza de que o Circo Garcia ainda vai se reerguer” (Arrelia)
Sérgio Barbosa (*)
Os efeitos decorrentes da urbanização descontrolada das cidades brasileiras acabam de enterrar mais um espetáculo, isso mesmo, o “circo” está morrendo, lamentavelmente é aquele circo com picadeiro, palhaços, bichos, bailarinas, mágicos e outros, haja vista, que existem outros circos tupiniquins perdidos em nossa volta, principalmente aquele tal “circo do poder” que não morre nunca…
Assim mesmo, quem foi criança um dia sabe o valor de um “circo” para o sorriso perdido de uma infância que ficou na lembrança de uma estrada passageira que se chama tempo do tempo…
O conhecido “Circo Garcia”, aquele que esteve presente em centenas de cidades deste país tupiniquim encerrou suas atividades, assim encerra-se uma viagem de espetáculos em terras brasilis e estrangeiras…
Fundado em 1928 por Antolin Garcia, o circo percorreu aproximadamente 72 países, divulgando e fazendo de uma mesma história a alegria das crianças e dos adultos que prestavam com sua presença no espetáculo uma homenagem constante a trupe do picadeiro circense…
De uma idéia surge o espetáculo em qualquer picadeiro por meio das palhaçadas dos profissionais do circo, sendo que, na maioria das vezes que isto acontece, a imaginação é o início, meio e quase fim deste encontro debaixo de uma lona quase sempre rasgada pelas mudanças de um lado para o outro…
A vida do circo se parece com aquela máxima do marinheiro, ou seja, “um amor em cada porto”, no caso circense seria “um amor de criança em cada parada”…
O circo é a memória da arte que teima em não acabar neste novo tempo, quando o homem busca apenas estar e se esquece de “ser”, deixando para trás seus sonhos de palhaço, porém, busca no presente um outro sonho que possa se realizar por meio dos desafios do consumo individual em tempo de pós-globalização midiática…
A história do Circo é rica em detalhes e lendas sobre um mesmo tema, mas foi na Grécia que o mesmo teve início e também no Egito antigo quando os animais eram domados, sendo que, os animais eram utilizados nas campanhas guerreiras pelos exércitos e na sua volta para casa, desfilavam com os vencedores, proporcionando desta forma um espetáculo “fora de série” nas paradas militares…
Assim caminha a história desta arte circense que tem muito a ver com artistas do presente, afinal de contas, “todo artista é um palhaço”, mesmo que seja via telinha mágica ou pelas ondas radiofônicas…
A criança corre pelas ruas gritando “o Circo chegou…” e lá se vão os adultos atrás, quem sabe, procurando o passado infantil que um dia marcou seu caminho inocente, porém, hoje, os gritos são outros: “O circo acabou…”
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(*) Jornalista diplomado e professor universitário.
e-mail: barbosa.sebar@gmail.com