Charles Gasparino faz parte de um grupo que fiscaliza os atos do poder público. Presidente da Casa e o assessor foram presos em flagrante por oferecerem propina.
O homem que denunciou vereadores de Astorga, no norte do Paraná, por um suposto pagamento de propina diz que não teve medo de denunciar e que continuará fiscalizando o poder público.
“Todo cidadão tem o dever e a obrigação de fiscalizar o dinheiro público. Enquanto está faltando remédio e médico no posto de saúde, a população mais carente é que sofre. Não precisa ter medo de denunciar. Eu não tive medo”, pontuou Charles Gasparino.
O presidente da Câmara de Vereadores José Carlos Paixão (PTB) e o assessor Fernando Gardin foram presos pelo Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria), na terça-feira (13).
Segundo o MP-PR, o presidente do Legislativo municipal e o assessor ofereceram propina e um cargo no Legislativo municipal para Gasparino. A conversa, que aconteceu no gabinete do vereador, foi gravada.
Veja um trecho da conversa:
- Assessor: O que ele combinou com você, R$ 1.500??
- Charles Gasparino: Ele combinou que… ele ofereceu R$ 3 mil, que era quinhentão para cada vereador, e que ia me arrumar de imediato, quinhentão e R$ 1.500
- Assessor: Ele mandou aqui e falou que faltou R$ 100 e falou que já ia trazer. Tem R$ 1.400 aqui tá?
- Charles Gasparino: Tá bom
- José Carlos Paixão: Ele falou 3 mil?
- Charles Gasparino: Sim, 3 mil
Além de Paixão e de Gardin, o MP-PR ainda investiga a participação do vereador Mauricio Juliani (DEM). A promotoria afirma que Juliani participou de conversas anteriores e ajudou a fazer as propostas. Ele não foi preso, porque não foi flagrado pagando a propina.
Gasparino faz parte de um grupo que fiscaliza a gestão pública em todo o país, acompanhando o trabalho de prefeitos e vereadores. Os integrantes são voluntários e, quando descobrem ilegalidades, encaminham denúncias ao MP-PR.
Como tem feito denúncias contra a gestão municipal de Astorga, Charles Gasparino conta que foi chamado para fazer um acordo na Câmara Municipal.
Antes da conversa na Câmara de Vereadores, ele informou sobre o pedido ao MP-PR.
“Me ofereceram R$ 500 de cada vereador até eles criarem um cargo dentro da Câmara de Vereadores. O salário seria de R$ 6.500. O dinheiro foi oferecido para eu parar de fazer qualquer tipo de denúncia. Não podia mais denunciar ex-prefeito, prefeito, vereador e nenhuma licitação”, lembrou Gasparino.
Charles Gasparino denunciou esquema em Astorga — Foto: Reprodução/RPC
Os presos estão detidos na Delegacia de Combate à Corrupção em Londrina, no norte do Paraná, e devem responder pelo crime de corrupção de testemunha.
“É um crime que consiste no pagamento, em dar ou promoter vantagem indevida a uma pessoa que possa colaborar em uma investigação ou processo”, explicou o delegado Tiago Vicentini de Oliveira.
A defesa de José Carlos Paixão e de Fernando Gardin assegurou que os clientes são inocentes e afirmou os fatos não se deram na forma narrada pelo Ministério Público e pelo denunciante.
A defesa diz ainda que as imagens e áudios produzidos não exprimem o verdadeiro contexto e realidade dos fatos.
Maurício Juliani não foi localizado. Ele não atendeu as ligações e a Câmara de Vereadores informou que ele não foi visto na Casa nesta quarta-feira (14).
Fonte:https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2019/08/14/homem-que-denunciou-presidente-e-assessor-da-camara-de-vereadores-de-astorga-diz-que-vai-continuar-fiscalizando-o-poder-publico.ghtml