Sem data para pendurar as chuteiras, lateral, que fará 35 anos, renova com o Lamia FC e se espelha em “ídolos quarentões”
Vanderson Scardovelli defende o Lamia FC desde a última temporada — Foto: PAS Lamia / Divulgação
Ele tem 34 anos, vai fazer 35 em 2019, mas diz não sentir o peso da idade. Inspirado nos ídolos que passaram dos 40 anos em alto nível – o goleiro Buffon, da Itália, ainda em atividade, e o meio-campista Zé Roberto, que encerrou a carreira no Palmeiras aos 42 – o dracenense Vanderson Scardovelli inicia mais uma pré-temporada (a 13ª) fora do Brasil.
O atleta está novamente na Grécia, onde atua pelo PAS Lamia, da primeira divisão. A estreia está marcada para o próximo dia 24, contra o Panathinaikos. Ele chegou ao time na temporada 2018/2019 e renovou o contrato por mais um ano (2019/2020). Vanderson já havia atuado por outras duas equipes gregas: PAS Giannina e o Platanias. O lateral-esquerdo também teve passagens por times da Itália e Azerbaijão.
Animado, mais experiente e “se divertindo” em campo, o lateral-esquerdo diz que fisicamente se sente melhor que há alguns anos.
– Eu me cuido muito bem. A alimentação é bem balanceada. Tenho a sorte de ter uma esposa muito atenta em relação a isso. Temos sempre, em casa, uma comida balanceada, saudável. Isso me ajuda muito. A idade não conta muito, não pesa. Não me sinto com 34 anos. Na verdade, me sinto melhor que há alguns anos. Estou mais bem preparado fisicamente. Com a idade, a gente vai se preocupando mais, se alimentando bem, dormindo melhor (Vanderson Scardovelli, lateral).
Ele afirmou ainda que, em determinados momentos, prefere treinar mais do que o de costume. Disse ainda que se acha “meio fominha” em relação aos treinamentos.
O dracenense falou também que não tem data para pendurar as chuteiras e que espera jogar ainda por muitos anos. E usou como exemplo dois “ídolos quarentões” do futebol mundial.
– Vejo o Zé Roberto como uma resposta para quem pensa em jogar por mais tempo. É um exemplo. A gente vê o Buffon defendendo três pênaltis em um jogo aos 42 anos.
Lateral não faz planos para encerrar a carreira — Foto: PAS Lamia / Divulgação
Vanderson atribui a longevidade dos “quarentões” à tecnologia e à ciência, que permitem que cada vez mais atletas atuem com idades mais avançadas.
– Os profissionais nos clubes estão entendendo melhor como funciona cada jogador, cada corpo – disse.
Em entrevista ao GloboEsporte.com, Vanderson falou ainda sobre a vida fora do Brasil, a saudade de casa e as diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu:
Costumes
– Aprendi várias línguas, culturas diferentes, costumes. Aprendi a respeitar os hábitos e, principalmente, as religiões. No Azerbaijão, os jogadores reservavam um tempo para rezar. Acabei admirando e aprendendo bastante. A vida em Lamia é tranquila. É uma cidade pequena. Não é tão movimentada. É bem localizada, perto de grandes capitais. Minha família gosta daqui. Meus filhos vão à escola grega, têm amigos, uma vida social.
Esposa Menphis, filha Isabelle e filho Lucca estão adaptados à Grécia — Foto: Arquivo Pessoal
A última temporada
– A temporada passada foi ótima. Pena que no começo não fomos bem, senão o final teria sido melhor. Poderíamos ter classificado para a Europa League. Ficamos em sétimo no Campeonato Grego. Na Copa Grega chegamos à semifinal. Eliminamos o Panathinaikos, o Olympiacos. No final, achei que a temporada foi boa. Individualmente também foi produtiva. Atuei em quase todos os jogos. Mudamos de treinador no começo do campeonato e perdemos partidas importantes até conseguir uma estabilidade. Poderia ter sido melhor, mas no balanço final, foi uma ótima temporada.
2019/2020
– Torço para que a base do time seja mantida. Já tivemos algumas renovações de importantes jogadores que nos ajudaram na temporada passada. Outros foram contratados. Acho que se mantivermos o time, o técnico já começa a competição em vantagem. Manter a espinha dorsal da equipe é extremamente importante para conseguir bons resultados.
Diferenças
– O futebol brasileiro é diferente do futebol europeu. O estilo é diferente. Aqui eu tive que reaprender a jogar. No Brasil, o lateral tem que passar, estar sempre cruzando, apoiando. Aqui na Europa é preciso estar mais ligado à marcação, na defesa. Deve subir “na boa”. Tem que ter qualidade, mas muita força também.
Tática
– Aqui é muita tática. A cada semana a gente trabalha de uma maneira diferente, trabalhando de acordo com o adversário. Pensamos muito estrategicamente para poder surpreender. Conversamos bastante. Treinamos muito posicionamento. Não tem tanto treino com bola, 11 contra 11. Aqui o jogo é mais intenso. Você precisa estar concentrado o tempo todo, ligado muito na parte tática.
Volta ao Brasil
– Não penso em voltar, agora. Meu filho nasceu aqui. O Brasil é a nossa pátria, mas estamos adaptados. Depois de 13 anos de uma sólida carreira fora do país, acho que tenho muitas portas abertas por aqui. Não parei muito para pensar em um eventual retorno. Tenho tempo para jogar aqui, ainda. Quem sabe no futuro não cogite essa possibilidade de retornar ao Brasil? Posso terminar a carreira aqui, aí… De qualquer forma, será um final feliz, de um carreira bonita, que ainda estou construindo.
Fonte: https://globoesporte.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/inspirado-em-ze-roberto-e-buffon-dracenense-encara-mais-uma-temporada-na-grecia.ghtml