Em um mundo que supervaloriza e privilegia a juventude, começa-se a questionar qual é o espaço para os seniores na sociedade.
O sucesso do aplicativo FaceApp, que cria efeitos de envelhecimento nos rostos dos usuários, suscitou o debate sobre o amadurecimento da população. Em um mundo que supervaloriza e privilegia a juventude, começa-se a questionar qual é o espaço para os seniores na sociedade, onde o “ageísmo” ainda é uma regra.
Segundo dados da ONU, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos no mundo é atualmente de 962 milhões: um número que tende a aumentar nas próximas décadas. Em 2030, serão 1,4 bilhão de idosos em todo o planeta. Em 2050, em todas as regiões do mundo, com exceção da África, terão um quarto de suas populações formadas por seniores, que totalizarão 2,1 bilhões.
Apesar das previsões apontarem para o envelhecimento das populações, pouca é a preparação para essa mudança. Ao contrário: uma espécie de fobia contra os idosos ou o “ageísmo”, segundo pesquisadores franceses, ganha força com a propagação dos ideais de corpos e rostos perfeitos nas mídias e redes sociais.
“Há uma ideologia difundida permanentemente na qual tudo em relação ao envelhecimento é obrigatoriamente negativo”, afirma o pesquisador em psicologia Jérôme Pellissier, secretário do Observatório do Ageísmo. O maior exemplo disso, segundo ele, é como as mídias retratam os idosos.
“Se desconsiderarmos a imprensa especializada nos seniores, que faz um esforço contra esse preconceito, frequentemente, a representação de pessoas de idade é feita por indivíduos muito mais jovens”, observa.
Segundo Pellissier, para as idosas, a situação é ainda mais complexa, porque não apenas são excluídas das mídias por terem envelhecido como por serem mulheres. “Nas séries de TV e no cinema, por exemplo, enquanto os homens ganham papéis de velhos patriarcas, as mulheres idosas serão representadas como avós ou pessoas doentes, como vítimas do Alzheimer, por exemplo”, aponta.
No universo da música, a situação não é diferente, indica o pesquisador. “Há poucas idosas cantoras ou roqueiras. Mas a maior parte dos velhos roqueiros que ultrapassam os 60 anos são idolatrados. Já as mulheres têm que lutar para continuar na ativa, caso contrário são rapidamente excluídas do sistema”, diz.
Fonte: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/viva-voce/noticia/2019/07/19/fobia-contra-idosos-por-que-o-ageismo-ainda-e-uma-regra-nas-sociedades.ghtml