Ele disse que não há nas ruas gente com ‘físico esquelético’. ‘Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome não’, afirmou. Mais tarde, relativizou: ‘Alguns passam fome’.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (19) que é uma “grande mentira” que pessoas passem fome no Brasil. Segundo ele, não há nas ruas do país pessoas com “físico esquelético”.
A declaração foi dada durante café da manhã com jornalistas de veículos estrangeiros e foi transmitida por uma rede social do presidente.
Durante o café da manhã, Bolsonaro foi questionado por uma jornalista a respeito do aumento da pobreza e da fome no país, problema que teria sido apontado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Segundo o presidente, falar que pessoas passam fome no Brasil é “uma grande mentira” e um “discurso populista”.
“Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora passar fome, não. Você não vê gente pobre pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países por aí pelo mundo”, disse Bolsonaro.
Números da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), porém, apontam que, no Brasil, ao menos 2,5% da população ainda encontra-se em grave situação alimentar.
Os dados, divulgados no final do ano passado, apontam que, em 2017, ano utilizado como base para o relatório, mais de 5,2 milhões de brasileiros passaram um dia inteiro ou mais dias sem consumir alimentos ao longo do ano.
“É um discurso populista [falar de fome no Brasil], tentando ganhar simpatia popular, nada mais além disso. O que nós temos que fazer, nós, Poder Executivo e Legislativo, em grande parte um depende do outro, é facilitar a vida do empreendedor, de quem quer produzir”, complementou.
Ele afirmou ainda que o solo do Brasil é “rico para praticamente qualquer plantio”, mas que as autoridades políticas não devem atrapalhar o nosso povo a crescer.
Bolsonaro também criticou a legislação ambiental brasileira, classificando-a de “psicose ambiental”.
“É só as autoridades políticas, nós do Legislativo e do Executivo, não atrapalharem o nosso povo, e essas franjas de miséria por si só acabam no Brasil, porque nosso solo é muito rico para tudo o que você possa imaginar”, disse o presidente.
‘Alguns passam fome’, disse mais tarde
Mais tarde, após evento do qual participou no Ministério da Cidadania pelo Dia do Futebol, Bolsonaro afirmou que o brasileiro “come mal” e que “alguns” passam fome.
“O brasileiro come mal. Alguns passam fome. Agora, é inaceitável em um tão rico país como o nosso, com terras agricultáveis, água em abundância. Até o semiárido nordestino tem pluviométrico maior que Israel”, declarou.
Questionado por jornalistas se estava recuando da declaração, se irritou e ameaçou encerrar a entrevista. “Pelo amor de Deus, se for para entrar em detalhes, em filigrana, eu vou embora”, afirmou.
Em seguida, complementou:
“Não estou vendo nenhum magro aqui. Temos um problema alimentar no Brasil. Temos, não é culpa minha, vem de trás, estou tentando resolver. O que tira o homem e a mulher da miséria é o conhecimento, não são bolsas e programas assistencialistas. Temos que lutar nesse sentido”, declarou.
Fonte: G1