“Chove Chuva, Chove sem parar”…(1)

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“CHOVE CHUVA, CHOVE SEM PARAR” ….(1)

*CLAUDIVAL CLEMENTE

*CLAUDIVAL MOURA CLEMENTE

As intensas e violentas chuvas que atingiram São Paulo na madrugada de domingo para segunda e perdurando durante toda a segunda feira passada, causou inúmeros transtornos aos paulistanos, provocando alagamentos, enchentes, quedas de árvores e deslizamentos.

O volume de água que precipitou sobre a região metropolitana de São Paulo foi agravado com o encontro de uma frente fria que passava pelo litoral paulista, rumo ao Rio de Janeiro, potencializado os danos provocados pela imensidão das águas. Precipitação é um termo utilizado pela meteorologia(ciências que estudam a atmosfera terrestre, que tem como foco o estudo dos processos atmosféricos e a previsão do tempo) para designar a descida de água do céu, ou seja, a chuva. A frente fria é uma  borda dianteira de uma massa de ar fria, em movimento ou estacionária e encontrando o calor excessivo aumenta o volume e quantidade de chuva.

Todas estas informações normalmente são disponibilizadas pelo serviço de meteorologia à Defesa Civil e centro de controle das cidades, justamente para prevenir a população sobre risco de temporais ou outros fenômenos da natureza.

A cidade de São Paulo é cortada por vários rios, alguns, inclusive ficam à margem da cidade, como é o caso dos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí. As marginais foram construídas para facilitar o acesso e mobilidade na capital e inclusive ligar as partes da cidade por meio de pontes e alças de acessos.

Ocorrendo o transbordamento de um destes rios, é normal que as tais “marginais” sejam atingidas pelas águas, muitas vezes impedindo o tráfico dos ônibus, automóveis e caminhões; até mesmo porque, as marginais do Tietê e do Pinheiros servem também como ligação para várias rodovias, algumas das quais ao interior do estado de São Paulo.

Contudo, os cientistas têm observado que nas últimas décadas o volume das precipitações tem aumentado exponencialmente, pois uma revisão dos registros de chuvas nos últimos 70 anos chegou a esta conclusão. Em 1950, por exemplo, não havia dias com chuvas acima de 50mm; enquanto nos últimos dez anos elas tem ocorrido de 5 a 10 vezes durante o ano.

Este aumento das chuvas tem como causa as mudanças climáticas, pois o calor tem sido muito maior, causando noites quentes, que acaba levando às chuvas mais volumosas e trovoadas e relâmpagos.

Além disso, as cidades estão excessivamente impermeabilizadas impedindo a absorção das águas e provocando as chamadas “enxurradas”. Também há que se considerar a alteração na urbanização das cidades, com canalização de córregos e rios, impedindo o livre trânsito das águas pluviais. São Paulo, por exemplo, era constituída da mata atlântica, atualmente as construções invadiram esta mata e todas estas interferências prejudicam a organização do clima em geral, especialmente a formação de chuvas, que acabam caindo com maior volume e maior violência.

A canalização dos rios e córregos, do ponto de vista da expansão urbana pode ser considerado vantajoso para a cidade; mas, do ponto de vista ambiental é provocadora de passivos à natureza, pois interfere de maneira drástica no meio ambiente, destruindo árvores e vegetações e modificando o curso de rios e córregos, excessivamente prejudicial à natureza.

Mas as chuvas que vieram no último domingo e segunda também trouxeram prejuízos para algumas cidades do interior, que anteriormente não sentiam tantos estes reflexos. Excluindo que algumas cidades foram atingidas pelo transbordamento do Rio Tietê, cujas águas invadiram o centro das próprias cidades, cortadas pelo rio, outras tiveram impactos pelo excesso de chuva mesmo. Consequências da  desvairadaurbanização, vale dizer, alteração nos cursos dos rios e córregos e excesso de impermeabilização.

Mas nem tudo está perdido; ainda é tempo da população e das autoridades públicas mudarem o rumo das urbanizações, decidindo por cidades com menos concreto e mais árvores.A legislação das cidades carece de mudanças, a fim de coibir a destruição de árvores e vegetação, incentivo ao plantio de árvores, a canalização de rios e córregos há que ser regulamentada, evitando tolher o livre trânsito das águas e, especialmente a regulamentação de construções de edifícios e pavimentação de ruas prescinde de mudanças drásticas. Neste particular, porém, enfrenta o interesse dos incorporadores que resistem à estas mudanças visando o lucro.

Porém, se for impossível escapar chuvas fortes, não enfrente alagamentos e procure um local seguro para aguardar o término das chuvas. Além de ser perigoso enfrentar os alagamentos, mesmo que consiga atravessar as águas, existe perigo de contágio de doenças, pois as águas circulam por vários lugares, alguns dos quais contaminados. Se for alcançado por águas de chuvas, procure a orientação de um médico ou de uma enfermeira, pois em caso de contaminação é necessário um tratamento adequado.

Envie dúvidas, comentários ou sugestões para bcrcconsultoria@gmail.com. Até a próxima.

*Formado em Direito pela Universidade Estadual de Direito do Norte Pioneiro em Jacarezinho e em Administração de Empresas pela Faculdades Integradas de Ourinhos. Sócio sênior da BCRC Consultoria.

** Revisão e colaboração  – Acadêmico de Administração de Empresas na UNICID.

  • Chove Chuva, música de autoria de Jorge Ben Jor, gravada em 1963.