Câmara ou Camorra?

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CÂMARA OU CAMORRA?

Segunda-feira,16, tivemos uma sessão camarária em Dracena digna da Itália dos tempos da camorra. Parecia banditismo puro. Coisa de quadrilheiros. Um jogo de cartas marcadas, mas tão evidente que qualquer criança percebia ali erros crassos num grupo que dizia representar a sociedade dracenense. Política é coisa séria. É o que move a vida de uma nação. Quando se vê a formação de um bando dentro de uma câmara para salvar da punição um criminoso, nota-se que são todos co-responsáveis pelo fato em questão.
Como todos em Dracena já sabem, o vereador Hígor Tossato tentou contratar uma pessoa para quebrar as duas pernas do repórter Davi, do Jornal Interativo, por alguma notícia que tenha lhe desagradado. De acordo com a proposta feita pelo vereador, o pagamento do “serviço” seria feito pelo prefeito municipal. Como o “negócio” foi feito pelo celular, o contratado tem a prova da conversa.
Apesar da oferta tentadora, o rapaz achou por bem avisar o Davi do risco que ele estava correndo. Aí Dracena toda tomou conhecimento do crime que, possivelmente, a mando do prefeito, ia acontecer. Todos que tomaram conhecimento dessa história, aguardavam o pronunciamento do alcaide, uma vez que pessoa tão religiosa, tão influente na Igreja, teria alguma explicação plausível para dar.
Mas não foi isso que aconteceu. Segunda-feira, dia 16, na sessão camarária foi tentado reverter o quadro. Havia na sessão três pedidos de cassação de vereador: um pedido do Juninho do Esporte para que fosse cassado o mandato de Hígor Tossato pelas provas apresentadas. Pedido de igual teor também foi feito por outros dois cidadãos. O terceiro pedido de cassação foi feito pelo grupo contrário ao Juninho, pedindo (veja só) a cassação do vereador Juninho alegando falta de “decoro parlamentar” por denunciar o colega. Ora, o Juninho não fez mais que sua obrigação uma vez que, sendo representante do povo, denunciou na casa um crime prestes a se perpetrar e que era de seu conhecimento e do público em geral. Ele não poderia ser omisso.
Para a sessão que aceitaria ou não o processo contra os dois vereadores foram convocados os suplentes dos mesmos. O suplente do Juninho não foi aceito, pois alegaram que ele era seu sócio, o que se provou que não era realidade. A suplente do Hígor foi aceita, embora não a deixassem participar de nenhuma decisão. Curioso é que com a suplente ali na casa, ele participou da sessão normalmente, o que contraria não só a lei como o bom senso. Se há a suplente, é ela que deveria atuar como vereadora e não ele.
Enfim, foi uma sessão surreal, onde tentaram fazer com que o errado pareça certo e o certo pareça errado. Pelo visto ali não se vota em favor do que é correto, mas em favor do grupo que comanda o município, esteja ele certo ou errado. E é claro que tudo isso tem um custo. Quem vai pagar?  Será o mesmo que foi dito que pagaria o atentado? Os munícipes precisam saber. O senhor prefeito deve vir a público elucidar esse caso, do contrário as acusações contra ele serão tidas como verdadeiras.
Thereza Pitta
até segunda-feira.