A Lição q fica

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A LIÇÃO QUE FICA

1André Luís Luengo

Alguns dizem: o que aconteceu no passado deve ficar no passado, pois o
importante é prestar atenção no presente, para cuidar do futuro. A questão é
polêmica. Mas uma coisa é certa: nossa vida é feita de escolhas e por isso
nada é por acaso. O Brasil vive hoje a pandemia do COVID-19. Ante a tudo
que eu já ouvi, aliás, é somente isto que é noticiado, não sei em que etapa
dessa doença o Brasil se encontra. Porém, uma coisa é certa: ninguém será o
mesmo depois disso. Essa doença provocada pelo novo coronavírus (SarsCov-2) não possui uma cura medicamentosa, mas o que os médicos tentam é
controlar os sintomas enquanto o próprio corpo se cura da infecção. Na maioria
dos casos a recomendação é ficar em casa pelo período de 14 dias. Somos
orientados a no máximo utilizar analgésicos e antitérmicos, mas apenas para
controlar a temperatura e aliviar os incômodos no corpo. As suas quatro fases
são: primeiro semelhante a um resfriado comum; depois evolui para o quadro
de uma pneumonia (da traqueia até os alvéolos pulmonares houve danos) e
comprometimento do sistema imunológico; a seguir, a falta de ar, sendo
necessária a hospitalização para ventilação mecânica (entubar). E por fim a
infecção generalizada. Por isso a importância de cuidados bastante simples
para que não tenhamos essa evolução das fases. São os que ouvimos a todo
instante: lavar bem as mãos; não tocar no rosto; utilizar álcool gel; higienizar as
roupas e os ambientes, bem como os alimentos; evitar sair de casa, não
abraçar, beijar, cumprimentar com as mãos etc. A lição que fica é que viver a
vida é algo simples, nós é que a complicamos. De vez em quando é bom dar
uma pausa na correria e refletir sobre tudo isso. Em cada experiência a gente
aprende uma lição, pois: na vida nada é em vão ou é benção ou é lição; hoje
estamos vendo como faz falta um abraço, um aperto de mão; de que
separados estamos juntos; nem tudo que é noticiado é verdadeiro, há muitos
interesses escusos, mas as vezes tudo que é noticiado é verdadeiro; como os
idosos são teimosos, meu Deus. A maioria das pessoas nas ruas são idosos e
muitos deles irritados com quaisquer tipos de questionamentos da nossa parte.
Um outro aspecto consiste no sofrimento, na tristeza em deixar sozinho o
nosso ente querido na sua partida e as nossas próprias partidas se tornarem
momentos solitários, bem como até as cerimônias fúnebres. Jamais seremos
os mesmos. A humanidade vai mudar. Agora ficou nítido que o nivelamento
humano imperou: não há diferença para rico-pobre, para branco-preto etc.
Como a nossa liberdade é importante e trabalhar e dignificante. Como uma
coisa que não vemos pode nos contaminar tanto assim. Não digo sobre o
nosso caráter, os nossos corpos, mas especialmente as nossas mentes. Na
verdade adoecemos com tudo isso. Estamos comendo mais, se irritando mais
facilmente e com as neuras mais acentuadas (cuidado redobrado com limpeza,
quando ouvimos um espirro ou uma tosse…). Mas também pudemos ver como
os profissionais de alguns setores são importantes em nossas vidas. Dedico
este texto aos profissionais da saúde e da segurança, que mais do que
cumprindo os seus juramentos, estão verdadeiramente arriscando as suas
vidas para proteger a sociedade de um inimigo oculto. Deus nos proteja e
guarde. Esta é a lição que fica.
1 Delegado de Polícia. Professor Universitário e da ACADEPOL de São Paulo. Contato:
luengo.garra@hotmail.com