A inesquecível e imperdoável Ditadura

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A INESQUECÍVEL E IMPERDOÁVEL DITADURA

Há um provérbio que diz que o que cai no esquecimento tende a se repetir. Talvez seja por isso que se tem relembrado muito do período nefasto da ditadura militar, cujo golpe se deu há exatos 56 anos.
Muitos não se lembram porque não haviam nascido. Outros, porque nunca souberam realmente o que aconteceu e, ainda, há aqueles que se alienam de tudo o que ocorre no país e no mundo. É importante que as pessoas tenham conhecimento das várias fases que o Brasil percorreu para que se tenha condições de rejeitar a repetição de fatos horríveis, simplesmente por ignorar esses mesmos fatos.
No livro “Henfil na China”, que retrata uma viagem que o cartunista fez àquele país, há fatos interessantes que podem servir de exemplo para qualquer pessoa ou país. Conta ele que havia ali sete montanhas onde não se conseguia plantar nada porque as chuvas, o inverno e outras intempéries destruíam as plantações. Como não podiam perder território tão grande sem uma produção, muitos estudiosos se debruçaram sobre o problema e conseguiram resolvê-lo. Porém, fizeram-no em apenas seis delas, deixando uma para que o povo sempre soubesse como era, no passado, e como está, no presente. Essa memória do “como era e como é” é algo importante e sim o para qualquer pessoa como cidadão ou como indivíduo.
Há filmes ótimos retratando os acontecimentos da época da ditadura, como “Pra frente Brasil” que relata como as pessoas do povo eram tratadas. Livros que resistem ao tempo, como “Tortura, nunca mais”, “A tortura no Brasil”, “Batismo de sangue” de Frei Beto, revistas, internet, jornais procurando refrescar a memória dos que desconheceram fatos desses anos tenebrosos e levar ao conhecimento dos que, apesar de tanta divulgação, continuam na ignorância da história dessa fase do país.
È importante não esquecer que o golpe que manteve o país amordaçado durante 21 anos, teve a participação ativa do presidente dos Estados Unidos, John Kennedy que, por ignorância de muitos brasileiros, tem seu nome em ruas e bairros deste país, cujo povo insiste em desconhecer fatos históricos importantes e comete esse tipo de erro homenageando celebridades estrangeiras que só trouxeram malefícios para o país.
No dia do golpe em 31 de março de 1964, navios americanos estavam fundeados nas costas brasileiras e aviões, também americanos, pintados com as cores do Brasil, apenas aguardavam ordens para atacar. Os americanos estiveram presentes, promovendo todos os golpes militares ocorridos na América do Sul. Como eles mesmos diziam, e dizem, a América do Sul era o “quintal” da casa deles.                    .
Nessa época, quando a polícia política cismava que uma pessoa era contra o governo, mesmo que ela jamais tivesse contato com qualquer fato político, ela era perseguida, torturada até a morte e, geralmente sumiam até com o cadáver. Havia um pavor dos governantes em relação a qualquer ideia que, para eles, pudesse por em risco sua permanência no comando do país. Por isso, censuravam músicas, peças de teatro, filmes e até reuniões.
Assim, inteirar-se dos acontecimentos desse período de horrores e repressões  é, praticamente, obrigação de todos para que não haja, jamais, a menor possibilidade de o país se ver novamente amordaçado e torturado.
Assim, vamos reler as lembranças de uma brasileira  que lutava contra a ditadura e a maneira com que os militares tratavam àqueles que se opunham ao golpe que eles haviam dado :

“Maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha, foi torturada juntamente com o marido, a irmã e os dois filhos durante a ditadura. O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (herói para bolsonaro) foi seu torturador, e ela era constantemente agredida por ele na frente dos filhos. Entre as torturas, Amelinha relata à CNV que passou pelo pau-de-arara, levou choques no corpo inteiro, apanhou de palmatória e sofreu violência sexual. Seus filhos eram levados para vê-la nua, cheia de sangue e urina. A família Teles ganhou, em primeira instância, uma ação contra o coronel Ustra pelos crimes que sofreram, fazendo com que ele fosse o primeiro a ser reconhecido como torturador”.
Thereza Pitta
até segunda-feira