CRONOLOGIA DA PÁSCOA: O CAMINHO DO CORDEIRO
A Páscoa cristã não é somente uma data no calendário religioso. É a vida espiritual que revela o coração do Evangelho: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Observe a cronologia dessa semana santa a à luz da Bíblia e veja a esperança eterna que ela anuncia.
DOMINGO DE RAMOS – A ENTRADA TRIUNFAL
(Mt 21:1-11; Mc 11:1-11; Lc 19:28-44; Jo 12:12-19)
Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho, cumprindo a antiga profecia de Zacarias (9:9). A multidão o aclama com ramos e canta “Hosana”, esperando um libertador político. No entanto, o Rei que ali chega é manso e humilde; não vem com espada, mas com a cruz. Ele redefine a realeza messiânica: seu trono será o Calvário, e sua coroa, de espinhos. O Reino de Deus começa com a humildade e se consuma na entrega.
SEGUNDA A QUARTA-FEIRA – CONFRONTOS E ENSINAMENTOS NO TEMPLO
(Mt 21–25; Mc 11–13; Lc 20–21)
A figueira é amaldiçoada (Mt 21:18-19) e o templo, purificado (Mt 21:12-17). O juízo começa pela casa de Deus. Cristo denuncia a religiosidade estéril e a fé que perdeu o fruto da obediência. O mesmo Deus que se deixa tocar pelos humildes confronta os que manipulam a fé por poder.
Foram dias carregados de ensino. No templo, Jesus fala em parábolas, anuncia o juízo e revela os sinais do fim (Mt 25). É o Cristo que ensina, que alerta, que prepara seus discípulos para tempos difíceis, mas também para a glória que virá. Ele não apenas ensina — Ele confronta, sacode estruturas e anuncia um novo tempo, onde Deus não habita em templos de pedra, mas em corações.
QUINTA-FEIRA – A ÚLTIMA CEIA E O GETSÊMANI
(Mt 26; Mc 14; Lc 22; Jo 13–17)
Na noite da traição, Jesus compartilha a ceia com os discípulos e estabelece a Nova Aliança em seu sangue (Lc 22:20). O pão e o vinho ganham novo significado: são seu corpo entregue e seu sangue derramado. No Getsêmani, Jesus ora em agonia. O cálice que Ele toma é o da ira divina (Is 51:17). Sua oração submissa — “seja feita a tua vontade” — revela sua obediência plena (Fp 2:8), condição essencial para nossa justificação. O Filho do Homem é entregue como cordeiro ao matadouro.
SEXTA-FEIRA – JULGAMENTO, CRUCIFICAÇÃO E MORTE
(Mt 27; Mc 15; Lc 23; Jo 18–19)
Jesus é traído, julgado, condenado e crucificado. Suas últimas palavras — “Está consumado” — ecoam como o brado da vitória sobre o pecado. Na cruz, Ele é o Cordeiro Pascal (1Co 5:7), que carrega a culpa da humanidade (2Co 5:21; Gl 3:13). A ruptura do véu do templo (Mt 27:51) anuncia o novo e vivo caminho para o Pai. A cruz é mais que instrumento de dor: é altar de reconciliação. Ali, justiça e amor se encontram. Ali, tudo se cumpre.
SÁBADO – O SILÊNCIO E A ESPERA
(Mt 27:62-66; Lc 23:56)
O sábado é o dia do silêncio. Cristo está morto, e o mundo parece suspenso. É o tempo entre a promessa e o cumprimento. O sábado simboliza a tensão escatológica da fé: a vitória foi conquistada, mas ainda não plenamente revelada.
DOMINGO – A RESSURREIÇÃO
(Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20)
O túmulo está vazio. Cristo ressuscitou! A morte foi vencida, e a vida triunfou. A ressurreição confirma sua identidade como Filho de Deus (Rm 1:4), inaugura uma nova era na história da salvação (1Co 15:20-22) e garante a ressurreição futura dos crentes (Rm 6:5). Ela é o selo de Deus sobre o sacrifício do Filho — não um símbolo espiritual, mas um evento real, histórico, corporal e transformador. É o fundamento da fé cristã!
A Páscoa nos chama a olhar para a cruz e para o túmulo vazio. Nos convida a caminhar com o Cordeiro — da dor à glória, do silêncio à vida. A cruz foi o palco onde Deus expôs ao mundo o seu amor.
Pr. Rafael Assiz @rafaelassiz
Escritor, Teólogo, Mestrando em Ciências da Religião (UMESP)
Pós-graduado em Teologia e Interpretação Bíblica, Estudos Bíblicos no Novo Testamento e Aconselhamento e Psicologia Pastoral.