PF indicia por corrupção e pede o afastamento do prefeito de São Bernardo e mais 15

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Segundo a polícia, Morando usou a Fundação ABC, que presta serviços de saúde na cidade, além de escolas, para acomodar empresas de alimentação em cinco contratos que somam R$ 37 milhões. No mês passado, a CBN mostrou como a fundação tinha sido usada em um esquema de aparelhamento institucionalizado.

POR PEDRO DURÁN (pedro.duran@cbn.com.br)

A Polícia Federal indiciou o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, e mais 15 pessoas por corrupção passiva e fraude em licitações.

No documento, obtido pela CBN, a Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros aponta que Morando usou a Fundação ABC, que presta serviços de saúde na cidade, além de escolas, para acomodar empresas de alimentação em cinco contratos que somam R$ 37 milhões.

Com isso os atos de Morando como prefeito mantiveram ‘uma rede criminosa de lucro decorrente do desvio de recursos públicos’, aponta o relatório. A PF pede o afastamento de Morando do cargo.

As investigações não são de hoje. Morando já estava na mira da Polícia Federal nas operações Prato Feito e Trato Feito, que apresentou provas de um propinoduto na região metropolitana de São Paulo, especialmente em Mauá, onde a propina era distribuída por vereadores e no primeiro escalão, para manter contratos de empresas com a prefeitura sem contestações.

As provas colhidas foram desdobradas por áreas e a investigação relativa à São Bernardo concluiu que Morando nomeou para presidir a Fundação ABC um dos membros dessa organização criminosa. Depois, o presidente escolhido pelo prefeito do PSDB contratou a empresa de alimentação do próprio genro pra prestar serviços nos hospitais administrados pela Fundação, que é comandada pelas três prefeituras do ABC paulista.

À PF, Morando disse que jamais solicitou ou recebeu vantagens para interferir nas contratações de São Bernardo e declarou que não houve fraude nas contratações emergenciais.

No mês passado, a CBN mostrou como a Fundação ABC tinha sido usada para acomodar aliados e até parentes dos prefeitos do ABC, num esquema de aparelhamento institucionalizado.

Uma das pessoas que participaram desse esquema foi o prefeito de Mauá, Átila Jacomussi, que tinha sido preso pelas mesmas operações Prato Feito e Trato Feito e voltou ao cargo hoje depois de conseguir uma liminar pra reassumir a prefeitura.

O Tribunal de Justiça, disse que por estar preso ele não pôde se defender no processo de impeachment.

Jacomussi, que é do PSB, tinha cargos da Fundação pra empregar gente como o próprio cunhado.

A Fundação ABC disse que não é investigada na operação Prato Feito e não mantinha contato com nenhuma das pessoas investigadas, com exceção de seu ex-presidente, que diante da suspeita noticiada à época prontamente se desligou da entidade. Dizem ainda que não têm conhecimento de funcionários investigados e nem foi cobrada para prestar esclarecimentos às autoridades federais.

À reportagem, Orlando Morando disse que não recebeu dinheiro de pessoas ou empresas citadas na investigação e que teve sua prestação de contas da campanha de 2016 aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral. Diz ainda que não há nenhuma prova de favorecimento na campanha eleitoral e, muito menos, depois. E que os contratos feitos ao longo da gestão foram aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado. O prefeito diz que as empresas citadas foram proibidas de firmar contratos com a cidade.

*colaborou Vinícius Custódio

Fonte: http://m.cbn.globoradio.globo.com/media/audio/274129/pf-indicia-por-corrupcao-e-pede-o-afastamento-do-p.htm