Foi um sucesso o lançamento do livro “Histórias de uma luta”, do médico dracenense Ricardo Sobhie Diaz, da Unifesp, na Casa do Médico.
Ricardo falou sobre a história do HIV no mundo e as pesquisas que começam a dar resultado para a cura de pacientes. No final autografou livros.
Fotos: Cláudio José/Bastidores da Notícia
Lançamento do livro Histórias de Uma Luta que fala do vírus HIV.
De 1978 a 1980, nos Estados Unidos, nas cidades de Los Angeles e Nova Iorque, em um grupo de pacientes foi diagnosticada uma forma de pneumonia diferenciada e rara, assim como um tipo de câncer que até então era considerado como incidente apenas em pessoas com idade mais avançada.
Ocorreu que esta doença começou a se disseminar e aparecer também na África e no Haiti; caracterizando-se por atingir o sistema imune dos pacientes, enfraquecendo o organismo e os deixando extremamente debilitados, ocasionando infecções oportunistas.
Os grupos mais atingidos de pacientes nesta época eram os homens homossexuais ou bissexuais. Em 1980 foi diagnosticado o primeiro caso da doença no Brasil na cidade de São Paulo, sendo apenas classificado como tal após a descoberta da moléstia no mundo.
O Sistema de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde considera que a doença foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil no ano de 1982, por ter sido conceituada neste período.
Diante do conhecimento atual sobre o vírus e formas de transmissão da AIDS, considerando o período de incubação do HIV, estima-se que o vírus tenha entrado no Brasil na década de 70.
Com a propagação no mundo as autoridades de saúde americana começaram a dar atenção especial para esta nova doença até então misteriosa para todos. Em 1980 não havia o conhecimento sobre os meios de transmissão nem mesmo que se tratava de um vírus.
Em 1982, a partir dos grupos de riscos mais acometidos pela doença a mesma foi temporariamente denominada de Doença dos 5H, ou seja, Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos (denominação das pessoas usuárias de heroína injetável) e Hookers (palavra que em inglês significa profissional do sexo). Delimitando os grupos de risco identificou-se que a transmissão da doença era feita por meio de contato sexual, exposição ou transfusão de sangue e derivados e pelo uso de drogas injetáveis com compartilhamento de seringas.
Diante desta situação os cientistas americanos conceituaram a doença até então desconhecida como Acquired Imnunodeficiency Syndrome (SIDA). A partir daí começou a ser mundialmente conhecida como AIDS, que na língua portuguesa quer dizer: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – SIDA.
Em 1982 o Center for Diseases Control and Prevention (CDC), dos EUA, realizou a primeira definição de caso da AIDS a partir de achados clínicos, epidemiológicos e imunológicos nas primeiras pessoas possivelmente acometidas pela doença.
Nesta época não existia o teste anti-HIV, desta forma a definição e diagnóstico da AIDS no paciente era feita por meio da ocorrência de pelo menos uma de 13 doenças que indicavam a existência da imunodeficiência celular subjacente.
Em 1983, no Brasil, foi diagnosticado o primeiro caso de AIDS em uma criança e em pessoas do sexo feminino. Os homossexuais usuários de drogas injetáveis eram considerados como difusores da doença para os grupos heterossexuais. Nesta mesma época houve o acometimento de profissionais da saúde diagnosticados com AIDS e iniciou a atenção para a origem viral da doença.
Em 1984 a equipe do Instituto Pasteur, na França, isola e caracteriza um retrovírus, considerado um vírus mutante que vive conforme o meio, como causador da AIDS. Perante esta descoberta foi possível validar a transmissão viral da AIDS; a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo propôs o primeiro Programa de Controle da AIDS no Brasil.
Em 1985 foi criada e fundada a primeira Organização não Governamental de luta contra a AIDS, a pioneira no Brasil e América Latina, definida como Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS (GAPA). Foi concluído que a AIDS é a forma da doença após a transmissão do vírus descrito como Human Immunodeficiency Virus (HIV) ou, em português, Vírus da Imunodeficiência Adquirida.
Ainda em 1985 foi diagnosticado o primeiro caso de transmissão vertical da mãe portadora do vírus para o bebê. Inicia-se a disponibilização do teste anti-HIV para diagnóstico e diante da considerável expansão da doença caracterizaram-se – ao invés de grupos de riscos – comportamentos de riscos para a transmissão do HIV.
Em 1986 o Ministério da Saúde do Brasil cria o primeiro Programa Nacional de DST e AIDS. Em 1987 foi lançado o primeiro Centro de Orientação Sorológica (COAS), em Porto Alegre (RS).
Neste mesmo ano houve o início da utilização do AZT como medicamento de escolha para os portadores de HIV, pois foi considerado o medicamento que diminuía a carga viral dos portadores. A Organização das Nações Unidas (ONU) institui o dia primeiro de dezembro como dia Mundial de Luta contra a AIDS.
Em 1988 há a notificação do primeiro caso do Brasil de HIV na população indígena. Neste ano também foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Ministério da Saúde começa a distribuição de medicamentos para tratamento de infecções oportunistas.
No ano de 1991, praticamente 10 anos após o descobrimento da AIDS, a ONU anuncia que existem no mundo 10 milhões de pessoas infectadas pelo vírus HIV. Houve a iniciação da distribuição gratuita aos pacientes de medicações antirretrovirais, medicamentos que dificultam a multiplicação do vírus HIV no organismo.
Em 1992 inicia-se o estudo do tratamento medicamentoso de várias drogas combinadas contra o HIV e a presença das doenças sexualmente transmissíveis como cofator para a transmissão do HIV, podendo aumentar em até 18 vezes o risco de transmissão e aquisição do HIV. O Ministério da Saúde inclui os procedimentos para tratamento da AIDS na tabela do SUS e inicia o cadastramento dos hospitais para tratamento dos pacientes com SIDA.
A Dra. Germana Fernanda de Souza que é médica Clinica e Infectologista, participando do lançamento do livro. (Fotos arquivo pessoal)