Um ano após tragédia, bombeiros da região de Presidente Prudente falam sobre experiência em Brumadinho: ‘Vida fica diferente’

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Equipes do Oeste Paulista foram voluntariamente apoiar nas buscas em MG. Tristeza, esperança, união, gratidão e solidariedade são fatores que marcaram profissionais e deixaram ‘lições’.

Bombeiros do Oeste Paulista prestaram apoio em Brumadinho (MG) — Foto: Luan Miranda Cruz/Arquivo pessoal

Quase 300 pessoas mortas e outras ainda desaparecidas. O dado “pesado” é resultado da maior tragédia ambiental que atingiu o Brasil, o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG). O desastre, que completou um ano em 25 de janeiro, mobilizou centenas de voluntários para atuarem no local, entre eles, homens subordinados ao 14º Grupamento de Bombeiros, que atende a região de Presidente Prudente (SP).

Duas equipes do Corpo de Bombeiros do Oeste Paulista – oito homens, no total – foram enviadas à cidade mineira, a aproximadamente 1.000km de distância. A primeira delas em 7 de fevereiro de 2019.

G1 conversou com alguns dos bombeiros que integraram a Força Tarefa. Passados 12 meses da tragédia, a situação é apontada como uma experiência única, marcada por união de forças, solidariedade, gratidão, esperanças, compaixão, crescimento e lições de vida.

Aprendizado

“Dar valor às pequenas coisas, pois a qualquer momento podemos perdê-las”
[Cabo Marcelo Gonçalves Afonso, de Presidente Prudente]

Cabo Marcelo foi um dos voluntários enviados a Brumadinho (MG) — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Integrante da primeira equipe enviada a Brumadinho, o cabo Marcelo Gonçalves Afonso – à época, soldado – contou ao G1 que se voluntariou, pois a missão da corporação é ajudar as pessoas.

“Eu sempre tive vontade de ajudar as pessoas e sempre vou me voluntariar pra qualquer tipo de ocorrência desse tipo, dessa complexidade, ou menor”, declarou o bombeiro.

Quando chegou ao cenário do desastre, a primeira impressão foi de “susto”, mas depois se acostumou com o ambiente. “A gente acompanhava pela televisão e não tinha dimensão da proporção que tinha sido aquela tragédia. Só chegando lá que a gente foi perceber como era grande a área, o quanto foi devastado, o quanto foi atingido”, contou ao G1.

A quantidade de vítimas foi o que marcou o cabo Marcelo. “Choca bastante a gente”, comentou.

Quando a equipe chegou a Brumadinho, na segunda semana do ocorrido, ainda havia mais de 200 pessoas desaparecidas e um trabalho difícil pela frente.

“Desde as 5h30 a gente estava em pé e só parava quando anoitecesse. Então, foi o sol, foi a lama, foi a terra, tudo isso desgasta muito nosso corpo”, relatou ao G1 sobre as dificuldades.

Grupos de bombeiros trabalhavam em áreas separadas e determinadas. “No tempo em que estávamos lá, nesses aproximadamente dez dias, foram localizados alguns corpos e alguns membros, pedaços de alguns corpos; então, todos os dias tinha resultado”, lembrou.

“Cada ocorrência a que a gente vai acrescenta como experiência profissional e fica de aprendizado. Aprendi muito, tanto com os amigos que foram daqui como os que a gente encontrou lá, como bombeiros de outros estados. A gente aprende muito, ainda mais com uma ocorrência dessa magnitude”, enfatizou ao G1

Mas não foi somente em âmbito profissional que a experiência agregou. “Como pessoa, acho que o que acrescentou foi pra gente dar mais valor em pequenas coisas, porque a qualquer momento a gente pode estar perdendo, inclusive familiares”, pontuou.

Durante as buscas, Marcelo se recorda de “um fato legal”, envolvendo uma casa que estava quase desabando.

Casa quase desabando na área atingida pelos dejetos, em Brumadinho (MG) — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

“Uma senhora que perdeu dois filhos nessa ocorrência queria recuperar alguma coisa que fosse deles. Então, nós encontramos naquela casa dois quadros, um de cada filho, e encontramos também a imagem de uma santa que fazia parte da família havia mais de 100 anos, foi passada de geração em geração até chegar a essa senhora”, lembrou ao G1.

A senhora não estava em condições psicológicas para ir até o local buscar os materiais, que foram entregues a uma filha e o genro, mas ela mandou um áudio agradecendo. “Foi bastante legal e emocionante pra nós. Ela [a senhora] ficou bastante emocionada, bastante feliz, porque ela não tinha nada dos filhos que pudesse recuperar, um objeto, uma roupa. A família ficou muito agradecida”, disse.

“Uma coisa que pra nós foi simples, mas que trouxe, mesmo que por pouco tempo, a alegria de um familiar. Então, isso foi muito importante pra nós e, pessoalmente, me marcou bastante”, salientou.

Santa que passou por gerações de família mineira foi localizada em meio a destroços — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Diante da vivência, o cabo tirou como mensagem que as pessoas precisam se amar mais, antes que se percam umas às outras.

“Demonstrar mais o afeto, o amor por aquelas pessoas que a gente ama. Pequenas coisas, pequenos gestos, fazem a diferença. Atitudes nossas que demonstrem amor fazem toda a diferença numa família. Você dar um abraço, dar um beijo num ente familiar seu, são pequenos gestos que você faz que fazem toda a diferença. A qualquer momento você pode perder um ente querido e se arrepender lá na frente: ‘Ah, podia ter dado um abraço, um beijo no meu pai, na minha mãe, que seria diferente’. O que fica pra mim de aprendizado é isso, a gente amar mais as pessoas, porque a qualquer momento a gente pode perder”, finalizou.

Cabo Marcelo foi um dos voluntários que ajudaram nas buscas em Brumadinho (MG) — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

União

“A gente aprende mais sobre o que é dar e receber”
[Cabo Alexandre Dário Gibin, de Presidente Prudente]

Cabo Alexandre Gibin se voluntariou para ajudar nas buscas em Brumadinho, há um ano — Foto: Alexandre Dário Gibin/Arquivo pessoal

Quando houve a ocorrência de Brumadinho, o cabo Alexandre Dário Gibin logo se voluntariou. Até pegaria um afastamento, mas não foi autorizado devido ao risco de contaminação e porque ele não estaria amparado pela lei. Então, o bombeiro deixou seu nome na lista e ficou no aguardo de ser chamado.

Para seguir ao apoio, foi realizada uma seletiva, já que eram necessários alguns quesitos, cursos. Ao final dela, Gibin foi chamado a compor a primeira turma do Oeste Paulista, a segunda do Estado de São Paulo.

Voluntariar-se “está no sangue do bombeiro”, declarou ao G1 o cabo. “Toda vez que tem uma ocorrência fora que a gente sabe que vai pegar alguns voluntários de outros estados, de outras cidades, a gente também quer participar”, afirmou.

Chegou o dia de partir e, durante a viagem, surgiam muitos pensamentos sobre o que lhe esperava. “É só uma incógnita. A gente não sabe a proporção, a grandeza, o tamanho do que é aquilo lá”, comentou.

Ao chegar a Brumadinho, a equipe nem parou em hotel, por exemplo, e já seguiu diretamente ao local do desastre para ajudar com as buscas. Foram traçados os “planos de combate” e começaram os trabalhos.

Quando viu o cenário devastador, o cabo disse que a primeira sensação, sozinho em pensamento, foi de impotência. “A gente fala: ‘O que eu posso fazer? É muito grande. Sozinho’. Mas depois isso muda. Muda quando você vê todo mundo junto. Você fala: ‘Poxa, aqui é um corpo, por isso o nome é Corpo de Bombeiros’. Aí a gente tem força de novo”, lembrou ao G1.

“A gente estava trabalhando com um pessoal de fora, que nunca viu na vida, todas as forças unidas, Marinha, Exército, Aeronáutica, Força Nacional, Polícia Civil, Científica, voluntários, bombeiros civis, legistas, todos juntos e não tinha desorganização”, contou ao G1 o bombeiro.

Em uma base “gigantesca” montada, “um centro de comando que parecia um negócio de guerra”, a organização chamava a atenção de Gibin. “Você falava: ‘Não é o Brasil’”, comentou. No local também havia alimentação, isotônico e água. Tudo era consumido sem desperdício. “Era uma fartura muito grande e você não via desperdício, não via nada jogado no chão”, detalhou.

“Dessas buscas que a gente teve, o que marcou foram animais que estavam em decomposição, mas não era normal. A gente não via larvas, não tinha urubu, não tinha nada. Ele dissolvia normalmente. Também a grandeza da situação, porque, na TV, a gente via uma coisa e, lá, a gente sobrevoava um bom período pra chegar no local e era muito grande. A realidade era enormemente maior”, descreveu ao G1.

Mural com mensagens de crianças marcou a passagem do cabo Gibin por Brumadinho — Foto: Alexandre Dário Gibin/Arquivo pessoal

Apesar do clima de tristeza, algumas coisas boas também aconteciam e marcaram o cabo Gibin. “Quando a gente passava com os ônibus pra ir para o embarque das aeronaves, a população aplaudia, chamava de herói”, recordou. E a gratidão era exposta fora da área do desastre também. O bombeiro contou que no hotel, na hora da janta, as pessoas se levantavam e aplaudiam quando as equipes chegavam ao restaurante, e as cumprimentavam.

“O fato que mais me marcou foi um mural criado pelas crianças elogiando os bombeiros, dando apoio, vários desenhos, poemas [veja no vídeo abaixo]. Uma coisa que marcou, porque a gente acha que a criança não está vendo, não está nem aí com nada, mas estão vendo; foi muito bonito isso aí”, relatou ao G1.

Gibin afirmou que várias coisas os marcam no momento e também depois.

“Sua vida fica diferente depois disso aí. Mas o que mais me marcou foram as crianças. Quando viam a gente, era uma festa. Você via que a cidade estava em luto, o sorriso não é o mesmo sorriso, não tem o brilho no sorriso. Mas as crianças eram tudo de bom”, disse.

Mural com mensagens de crianças marcou a passagem de Gibin por Brumadinho — Foto: Alexandre Dário Gibin/Arquivo pessoal

Toda a gratidão e a interação foram positivas, segundo o bombeiro, pois a experiência lhe proporcionou amizades, conhecimento de serviço, “coisa que a gente nunca tinha feito”. “Coisas boas e grandiosas que aconteceram no momento, mesmo num local triste”, comentou.

A rotina era pesada e cansativa. As equipes trabalhavam direto. Acordavam antes das 6h para “irem para o barro” e só voltavam à noite para o hotel, que era em Belo Horizonte (MG), a cerca de 1h20 de distância de Brumadinho. Chegavam, jantavam, arrumavam as coisas para o dia seguinte e iam dormir, já por volta da 0h.

Durante o dia, a comida eram bolachinhas, doces, barras de proteínas, coisas com as quais as pessoas não precisassem ter contato. “A gente abria o envelope, comia inteiro e guardava o saquinho, pra gente não se contaminar, pra contaminar o menos possível. Até a parte de alimentação a gente aprende alguma coisa, a gente não precisa de tudo o que a gente tem, consegue viver com menos”, contou.

Para o bombeiro, entre as coisas mais difíceis estavam a tristeza e a destruição. “Você via casa destruída, famílias inteiras destruídas, vidas. Não eram só vidas perdidas. Tem gente lá que perdeu a vida, em tese, a casa dele que tinha tudo. A gente às vezes pensa só em vida, procurar corpos, mas não era só isso, é muita coisa envolvida; pessoas perderam vidas inteiras lá e isso dá tristeza”, expôs ao G1.

“A gente aprende mais sobre o que é dar e receber, de verdade, se doar para ajudar alguém e a agradecer pelo que tem”, enfatizou.

Profissionalmente, Gibin colocou que aprendeu a ver que é possível conseguir mais no aprendizado. “A gente trabalha com pessoas que nunca viu, então, tem de estar preparado, tem que ter alguns cursos, precisa a cada dia mais procurar melhorar, seja fisicamente, psicologicamente ou na parte de atividade de serviço, nossos cursos específicos que nessa hora fazem a diferença”, salientou.

“União, é só o que a gente precisa, e fé”, destacou.

Cabo Gibin se voluntariou logo no começo, quando ocorreu o desastre ambiental — Foto: Alexandre Dário Gibin/Arquivo pessoal

Cidade em luto

“Elas enxergavam em nós uma esperança”
[Soldado Luan Miranda Cruz, que atua em Rancharia]

Soldado Luan Miranda Cruz integrou equipes que ajudaram nas buscas em Brumadinho — Foto: Luan Miranda Cruz/Arquivo pessoal

Quando soube da possibilidade de os militares do Estado de São Paulo irem para Brumadinho ajudar nas buscas, o soldado Luan Miranda Cruz se prontificou de imediato, conforme ressaltou ao G1. “Difícil falar exatamente um porquê dessa decisão. Nossa profissão é vocação, é ajudar o próximo. Fui pra lá com essa intenção, de ajudar o máximo possível”, contou.”

O soldado ficou no local de 14 a 20 de fevereiro do ano passado.

“Primeiramente, se deparar com aquela cidade inteira em luto, era um clima diferente, qualquer um que não soubesse do que tinha acontecido perceberia que havia algo diferente no município. E exatamente no local do desastre que foi possível ter a real noção e dimensão do fato e entender o porquê do clima de tristeza, dor e sofrimento da população”, relatou ao G1 o soldado.

Todas as equipes trabalhavam em todas as frentes e as buscas eram bem difíceis. Apesar de ter ido um mês após o ocorrido, o bombeiro lembrou ao G1 que havia lugares onde o acesso era bem complicado, com deslocamento muito remoto. “Tinha que se andar em quatro apoios, dividir o peso com contato no chão para não afundar”, contou.

Soldado Luan fez parte da segunda equipe de voluntários da região de Presidente Prudente — Foto: Luan Miranda Cruz/Arquivo pessoal

A experiência foi “única” e agregou na vida profissional e pessoal do bombeiro. O contato com toda a logística que houve para amparar os trabalhadores e voluntários foi algo não imaginado pelo soldado.

“Era incrível e emocionante ver que as pessoas sentiam orgulho e ficavam emocionadas com a presença dos bombeiros. Elas enxergavam em nós uma esperança em ter uma notícia do seu ente desaparecido”, lembrou ao G1.

Conforme lembrou o soldado ao G1, os voluntários abraçaram a causa e ajudaram muito nos trabalhos. “É de extrema relevância lembrar dos serviços daqueles que foram lá por pura compaixão. Essas coisas agregaram muito em minha vida”, salientou.

Foi um trabalho excepcional e gratificante, segundo Luan.

Após um ano da experiência, o bombeiro diz que ainda é ligado à situação e acompanha os desdobramentos. “Qualquer notícia lhe chama atenção. As pessoas que sabem que você foi pra lá te perguntam se acharam mais vítimas. Todos queremos consolar as famílias e amigos dos desaparecidos, dar o conforto para eles”, disse ao G1.

“Quero agradecer a Deus, primeiramente, por me permitir ajudar as vítimas e familiares do desastre em Brumadinho, a todos familiares e amigos que me apoiaram desde o momento que souberam que eu era voluntário para a missão”, destacou.

Equipes do Corpo de Bombeiros de Presidente Prudente prestaram apoio nas buscas em Brumadinho, há um ano — Foto: Luan Miranda Cruz/Arquivo pessoal

Impacto

“O que mais marcou foi a solidariedade de todo mundo”
[Tenente Eduardo Fernando Castanho, de Presidente Venceslau]

O tenente Eduardo Fernando Castanho trabalhou em Brumadinho — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

À época 1º sargento atuante em Presidente Venceslau (SP), o agora oficial da PM Eduardo Fernando Castanho comentou ao G1 que o voluntariado no Corpo de Bombeiros é muito comum. São diversos trabalhos, realização de cursos e aperfeiçoamento justamente para poder contribuir com a população, então, numa ocorrência dessa magnitude, seguiu junto à Força Tarefa.

“Precisava de alguns quesitos e cursos pra atuar no desastre em Brumadinho, principalmente o curso de salvamento terrestre, então, fui voluntário pra ir ajudar, mesmo até porque tinha noção de que, provavelmente, essa seria a maior ocorrência da minha vida”, contou ao G1.

O tenente destacou que o deslocamento foi bem cansativo. “Saí de Presidente Venceslau de manhã, cheguei em São Paulo à noite; nós fomos pro Hospital da Polícia Militar fazer alguns exames e de lá seguimos pra Minas Gerais de ônibus. Então, fiquei praticamente 24 horas viajando”, lembrou.

O tenente Eduardo Fernando Castanho trabalhou em Brumadinho — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

Já em terra mineira, os bombeiros da segunda Força de Presidente Prudente – e a quarta do Estado de São Paulo – foram para um lugar reservado às equipes dos estados, onde houve a passagem de comando. “Até ali a gente não tinha visto nada”, disse ao G1.

“Pra chegar no local da tragédia, o primeiro voo foi feito com o helicóptero das Forças Armadas. Quando nós sobrevoamos a área totalmente tomada pela lama, aí o choque é pesado, porque a gente não tem noção vendo na televisão da dimensão do que foi tomado pela lama. O negócio é impactante”, declarou ao G1 o tenente.

O oficial pediu para imaginar no local um leito de um rio, onde existem as curvas. “Quando a água e a lama estão descendo e elas se deparam com um obstáculo, uma curva, por exemplo, batem naquele barranco e voltam fazendo braços”. Foram com esses “braços” de lama de um quilômetro, um quilômetro e meio, que se depararam.

“O desafio maior é aguentar trabalhar o dia inteiro, porque pra gente entrar dentro da lama é [usada] uma roupa de neoprene, como se fosse uma roupa de borracha, de coturno amarrado até o meio da canela pra você afundar o pé na lama e na hora que tirar o pé o calçado não escapar, e o coturno porque o solado tem que ser grosso, porque tinham muitas palmeiras com espinho, ferragens, madeiras, tudo o que é perigoso pra integridade física do bombeiro”, contou ao G1.

Outras situações desafiadoras eram o sol e a chuva, aguentar o corpo sujo de lama, a desidratação, a pouca alimentação. O tenente contou que na bolsa as equipes levavam apenas suplementação, lanchinhos frios, isotônico e água. “Mas nada que a gente não estivesse preparado também pelos cursos que a gente fez durante a carreira”, enfatizou.

O tenente Eduardo Fernando Castanho trabalhou em Brumadinho — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

Após oito dias de serviço, os bombeiros retornaram à região de Presidente Prudente. “Minas Gerais deu por encerrados os trabalhos e agradeceu ao pessoal de São Paulo, porque aí não dependia mais de pessoal, porque a gente já tinha feito a área toda batida, dependia de maquinário, de outras coisas”, lembrou.

Para o tenente, a experiência foi um “crescimento indescritível”, em âmbitos pessoal e profissional.

O bombeiro contou que, quando a tragédia ocorreu, ele estava prestes a ir embora para São Paulo (SP) para cursar a habilitação ao quadro de oficiais na Academia do Barro Branco e muita gente passou a lhe falar que poderia se machucar e perder o curso.

“Mas eu preferi ajudar, sabia que ia dar tudo certo. Foi um crescimento espiritual, por isso que a gente retorna e tem noção do quanto a gente pôde ajudar, até porque o mineiro agradece muito. A gente ia passando, eles iam agradecendo. A gente percebe que o brasileiro se une e é solidário em geral”, destacou ao G1.

Após um ano, o tenente destacou que foi realmente marcado pela solidariedade de todos e pelo voluntariado. “A gente via lá pessoas do Brasil inteiro querendo ajudar, querendo contribuir, cada um do seu modo, lavando farda pra nós, levando alimentação… Acho que isso ficou marcado, a união e a solidariedade ali nessa hora, parece que todo mundo é familiar de todo mundo, é uma proximidade maior”, comentou.

O agradecimento a Deus pela oportunidade de ser escolhido para estar lá no local do desastre se ressalta. “Nós, do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, estaremos sempre à disposição para ajudar o próximo. Nós fizemos um juramento de, se preciso for, sacrificar a própria vida, e a gente mantém esse juramento com honra e estaremos sempre à disposição”, salientou ao G1.

Gratidão do povo mineiro atingido pela tragédia marcou o oficial — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

Todos relataram ao G1 que mantiveram contato por meio de redes sociais com pessoas que conheceram em Minas Gerais, tanto com colegas de profissão quanto com familiares de vítimas.

Bombeiros da região de Presidente Prudente apoiaram as buscas em Brumadinho, há um ano — Foto: Luan Miranda Cruz/Arquivo pessoal

Cabo Marcelo (primeiro à direita) integrou a primeira equipe de Presidente Prudente enviada a Brumadinho — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Dimensão da área devastada chamou a atenção dos bombeiros — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Trator destruído afundado na lama, em Brumadinho — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Cabo Gibin (primeiro à esquerda) e cabo Marcelo (segundo à esquerda) integraram a primeira equipe de Presidente Prudente enviada a Brumadinho — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Cabo Marcelo registrou o cenário, mostrando o pilar de uma ponte que foi destruída — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Local ficou destruído após rompimento de barragem e muitas vidas foram perdidas — Foto: Marcelo Gonçalves Afonso/Arquivo pessoal

Mural com mensagens de crianças marcou o cabo Gibin — Foto: Alexandre Dário Gibin/Arquivo pessoal

Transporte até o local do desastre era feito em aeronaves — Foto: Arquivo pessoal/Marcelo Gonçalves Afonso

Bombeiros da região de Presidente Prudente trabalharam em Brumadinho — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

Bombeiros da região de Presidente Prudente trabalharam em Brumadinho — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

Trabalho na tragédia de Brumadinho marcou a vida dos bombeiros — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

Trabalho na tragédia de Brumadinho marcou a vida dos bombeiros — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

Trabalho na tragédia de Brumadinho marcou a vida dos bombeiros — Foto: Eduardo Fernando Castanho/Arquivo pessoal

1 ANO DO DESASTRE DA VALE EM BRUMADINHO